sexta-feira, 7 de março de 2008

Minha relação com o universo do saudoso síndico



Tenho este hábito de iniciar meus textos explicando o que os motivou, então não vou fugir à regra desta vez, só pra manter a corrente...

Numa tarde de Quarta, dia 05 de maio, o Yuga (Dj do Black Sonora) me convidou a escrever algo sobre a minha relação com as músicas do Tim Maia, em comemoração aos 10 anos sem a presença ilustre do síndico entre nós.

Acho que qualquer indivíduo que tenha crescido no Brasil tem algum tipo de ligação direta ou indireta com o velho Sebastião Maia. Obviamente eu não me lembro de que forma se deu o primeiro contato mas a minha lembrança mais antiga é de alguns discos de vinil, que eram do meu pai. Lembro que uma vez, numa festinha da escola, eu estava na segunda série, acho que era dia das crianças, muita gente da minha sala levou discos infantis (Jaspion, Xuxa...). Eu, precoce, levei um disco do Tim em parceria com a Gal Costa, claro que ninguém entendeu nada, nem a professora que tentou me explicar que o ideal para aquela situação era que eu levasse discos mais "apropriados" para crianças, bom deixa pra lá. O fato é que com 8 anos já gostava de algumas baladas clássicas do velho Tim. Aquelas mais românticas que meu pai ouvia todos os finais de semana, quando estava em casa, com o nosso "três em um", na época novinho em folha, no último volume.

Mais tarde, já na adolescência, fui ouvir a música "O homem na estrada", do grupo paulista Racionais mcs, onde eles genialmente samplearam a música "Ela partiu" do Tim Maia, confesso que só conheci a versão do Tim alguns anos depois. O meu envolvimento com o hip-hop, e conseqüentemente com a black music, me levou a cultuar ainda mais a obra do Sebastião. No final dos anos 90 eu já ouvia falar de um tal de "Tim Maia racional", que naquela altura do campeonato já era uma verdadeira “lenda”, até porque ninguém tinha a bendita bolacha. Corriam boatos de que o Dj Roger Moore era o feliz proprietário de uma cópia dessa raridade, mas, até então, eu nem havia tido o menor contato com o trabalho, a não ser através de referências indiretas, como no disco de estréia do Marcelo D2 em que ele sampleou a música "rational culture". Tudo isso só aguçava a minha curiosidade. Todo mundo dizia que era o trabalho mais "soul" do cara, eu tinha que ouvir. Depois ouvi a música na integra, num baile do Dj A Coisa que rolou no Deputamadre.

Em 2003, quando fui assistir ao clássico "Cidade de Deus", tive o prazer de ouvir pela primeira vez a suingadíssima "No caminho do bem”, saquei que a música era do Tim Maia, mas nem imaginava que também fazia parte da fase racional do síndico. Quando me contaram que era fiquei obcecado, louco pra ter uma cópia do tal disco. Finalmente conheci o brother Yuga em 2004, e foi o cara que finalmente se disponibilizou a me ceder uma cópia na boa. Demorou, mas ele me entregou o tal “Tim Maia Racional”, depois disso apliquei o som em alguns amigos como a Rejane Ayres e o Fredhc.

Resultado: todos viciados e ouvindo a obra à exaustão. Bem é isso, dei uma resumida na história mas o fato é que o Tim sempre esteve muito presente em minha vida, nos mais diversos momentos, ajudou a estreitar e criar laços. nada mais justo que homenagear o nosso soul man brazuca! “Lei o livro, universo em desencanto...”

Roger Deff é vocal do Julgamento, leitor assíduo de HQs, colaborador da revista Jararaca Alegre, do site do Programa Alto Falante, estudante de jornalismo nas horas vagas e apresenta um quadro semanal no programa A Hora do Rock.

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