sexta-feira, 20 de março de 2009

O papo agora é “racional”: com Pedro Morais




Dono de uma das vozes mais elogiadas do circuito mineiro, Pedro Morais representa a nova geração da música produzida em Minas, com um viés cosmopolita que dialoga com outras linguagens. O cantor é um dos convidados para a 7ª edição do Tributo ao Racional Tim Maia e, como não poderia deixar de ser, também falou sobre o trabalho do saudoso Sebastião e sua importância para a nossa música. Com a palavra Pedro Morais.


Olá Pedro, vamos começar o nosso “papo racional” falando sobre a influência do Tim Maia na música brazuca, em seu próprio trabalho...


Pedro Morais:
Ele me influenciou mais na black music, foi um dos pioneiros do soul brasileiro, assim como o Jorge Ben. Ritmo é algo que mexe muito comigo, por isso tenho essa identidade forte com o Tim Maia, menos com a fase “música de novela” e dor de cutuvelo que sinceramente, não chama a minha atenção.

Vamos à pergunta de praxe: Como aconteceu o seu contato com os discos “Tim Maia Racional”?


Pedro Morais: Eu não tenho os discos ainda. Quando a trama reeditou um dos volumes pude sacar que era algo mais introspectivo, mais pessoal. Agora, meu primeiro contato foi aqui em Belo Horizonte, numa festa em que o Yuga estava discotecando, se não me engano, uma festa que rolou há alguns anos atrás na Rua Diabase,aí chapei com o som. Tinha saído pra curtir com alguns amigos e achei aquilo muito bom.


E o tributo, como rolou o convite?


Pedro Morais: Eu sempre encontrava o Yuga por aí, nas festas, e já havia visto shows da Black Sonora antes. Fiquei chegado do Yuga nas reuniões da SIM (Sociedade Independente da Música). Em fevereiro eu estava no Rio de janeir, gravando meu disco novo, aí rolou um festival e a Black era a única banda mineira e fui lá ver. Gostei muito da apresentação, aí o Yuga me convidou pra participar do Tributo. Topei na hora!


E o qual som do Tim você vai fazer com os caras?

Pedro Morais:
Tô seguro por enquanto de fazer a Guiné Bissau, mas estou olhando outras também. Tô bem animado.


Como você avalia uma homenagem como o Tributo...?

Pedro Morais: Acho que uma homenagem destas é muito importante, principalmente porque o brasileiro tem memória curta no que se refere à cultura. Acho importante porque mantém viva a memória musical do cara, ainda mais por pertencer à uma fase tão específica. Um exemplo dessa nossa “falta de memória” é o caso da cantora Maysa Matarazzo. Eu nunca fui apegado a modismos, sinceramente nunca liguei pra isso, então já ouvia o trabalho dela, coisa que muita gente só veio a conhecer depois da mini-série global. Existe um aspecto muito positivo, porque as pessoas começam a falar do trabalho como se fosse algo mais próximo, como se sempre tivessem tido contato. Mas tem muito cara bom que as pessoas desconhecem, são vários casos assim. Um que considero emblemático é o do Marku Ribas, um músico com muita estrada, dono de uma obra rica, cheio de energia e produzindo bastante até hoje. Acho muito bom que façam uma homenagem à essa fase mais desconhecida do Tim Maia, que é das mais autênticas, valorizo demais, mas isso deveria ser feito com outros artistas também, músicos que não tiveram essa oportunidade.
Roger Deff é vocal do Julgamento, jornalista, leitor de Hqs e, claro, ouvinte compulsivo do Tim Maia

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