quarta-feira, 25 de março de 2009

DJ Yuga fala sobre o Tributo ao Racional Tim Maia

Bruno Mateus - Ragga


DJ Yuga bateu um papo com a Ragga. Confira a entrevista.




Quando você entrou para a banda já tinha esse esquema de Tim Maia Racional ? Como apareceu isso?

Foi em 2004. Teve uma festa homenageando essa fase do Tim Maia. Nessa época, a Black Sonora estava sem baterista, foi aí que chamamos o Ronan para tocar a batera e o Gustavo (vocalista da banda) já conhecia o Cubano da faculdade, de fazer som ali no intervalo das aulas. Chamaram o Cubano para uma participação especial, assim como eu também fui convidado. Ali foi começando a formação do grupo. Virou o ano 2005 e o Gustavo me perguntou se eu queria entrar para a banda, chamou o Cubano, perguntou para o Ronan se ele queria fazer parte também, para fazer um trabalho próprio, autoral. A gente gostou da idéia, achou que ia dar uma vibe legal. Todo mundo tem as mesmas idéias de música, de som, de influência, então acho que aquilo ali poderia ser o caminho. E aproveitamos a idéia do Cubano, que é de Cuba de verdade, para dar uma influência latina na música, para dar uma outra levada.

Antes do Cubano não tinha influência latino-americana ?

Não, ainda não. O Balck Sonora começou fazendo cover do Jorge Ben.


E quando o Gustavo convidou você e a galera (Cubano e Ronan foram convidados na mesma época que Yuga), a banda já tinha essa idéia de fazer um som black music, com essa pegada ?

O Cubano já veio com umas idéias de letra, eu estava com um livro de poesia da Milena Torres na época, falei com o Gustavo que dava pra fazer um som legal com uma poesia dela (“Um mar pra mim”) que fala de Belo Horizonte, e isso é bom que caracteriza a banda, nós somos de Belo Horizonte e queremos mostrar nossa música para fora. O Cubano tinha outra música, um rap em espanhol, “Donde Estás?”. Lançamos uma demo com quatro músicas para participar de eventos, de festivais. Isso que abriu as portas para a banda mesmo. Ali a gente começou a dar cara ao Black Sonora, foi o embrião do que está acontecendo hoje no trabalho da gente.

Com relação à música mineira, o Clube da Esquina, por exemplo, o que vocês têm de influência?

Clube da Esquina quase não teve essa coisa do groove, do swing, talvez uma coisa ali do Beto Guedes, do Lô Borges, mas você vê que é uma música cheia de harmonia, de arranjos, mais elaborada, e Black music é mais percussivo que harmônico, também há como juntar as duas coisas, mas na banda, talvez, a gente teria mais influência dos tambores de Minas, do Tizumba, do Tambolelê.


Para as participações no tributo existe algum tipo de seleção para cada ano ou vocês fazem uma lista de artistas que têm tudo a ver com a banda?


Desde o início a gente não repetiu participação. A gente quer que a coisa seja ampla, que seja realmente uma homenagem, que fique diferente a cada edição. Ano passado nós chamamos o Sérgio Pererê, que é daqui, o B Negão, do Rio, tem os MC´s também esse ano, os grafiteiros. Começamos a ampliar nosso leque de contato que a gente sempre teve, com a galera do hip-hop, com a Marina Machado a gente sempre quis levar um som, ela tem uma pegada groovada e gosta desse som. Com o Renegado a gente já tromba pelos palcos há algum tempo, ele participa de show nosso, o Cubano participou do disco dele. Já se cria uma cena independente em Belo Horizonte e não é precisa mais só colar com neguinho de fora.




Existe esse clima de camaradagem entre as bandas independentes de Belo Horizonte, um querendo dar uma força pro outro, melhorar a cena na cidade ?


Desde quando a gente começou foi justamente assim, “pô, gente, vamos fazer uma festa”, foi no junta-junta que surgiu o Black Sonora. É no junta-junta que a gente vai fortalecer a galera. Esse ano foi justamente isso, é a vontade da galera de se ajudar mesmo. E não é só pela Black Sonora, é pelo Tim Maia, pela cena em Belo Horizonte e pelo que a festa representa entre o pessoal do cenário. Todo mundo quer se ajudar, divulgam na internet, têm carinho pelo trabalho. Também é importante formar uma cena que não fique só na música, que seja mais ampla, que junte a galera do grafite também. É muito bom isso porque você movimenta a cidade, faz a coisa crescer mesmo. Com a Internet abre-se o leque de contatos, a banda divulga muito, tem blog, Youtube, My Space. A Internet ajuda muito a movimentar a cena.

Vocês fazem cover de Jackson do Pandeiro. A influência da música nordestina no som da Black Sonora veio com você mesmo ou a galera já curtia?

Indiretamente foi por minha causa. O Cubano foi na minha casa um dia e começou a ouvir meus discos. Tinha Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro. Ele ouviu a música “Zumzumzum” e gostou muito. Foi no início, estávamos preparando as músicas próprias e decidimos que íamos fazer alguns covers, como Marku Ribas, Tim Maia, Jorge Ben, música cubana, e a música do Jackson do Pandeiro também, porque ficou muito massa e começou a fazer parte do repertório. O Jackson do Pandeiro é o rei do ritmo, então hoje, com certeza, ele estaria fazendo um hip-hop, um funk, do seu jeito. Jackson do Pandeiro foi o primeiro artista pop brasileiro, o cara era da rádio, fazia cinema, era ator.


Existe a idéia de fazer um projeto como esse com outro artista?


Acho que não, senão a gente vai ficar muito preso a fazer essa festa para artistas. Nós damos continuidade a esse evento porque a banda, como é hoje, se formou por causa deste tributo. Esse projeto é nossa menina dos olhos, cuidamos dele com muito carinho.

Fonte: http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_13/2009/03/25/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=9150/ficha_ragga_noticia.shtml

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