quarta-feira, 25 de março de 2009

Confira cobertura do Tributo ao Racional Tim Maia


Bruno Mateus - Ragga


Muito swing e balanço marcaram o tributo ao Tim Maia Racional, no último sábado, no Lapa Multishow. Comandado pela banda mineira Black Sonora, a 7ª edição do projeto contou ainda com os convidados Marina Machado, o rapper Renegado e Pedro Morais. Antes do show, a participação de MCs e Bboys agitou a galera. “Vamos fazer barulho”, pediam os MCs, que eram prontamente atendidos pelo público. No tributo, a Black Sonora toca a fase racional do síndico, como Tim Maia era carinhosamente chamado. Lançado em dois volumes, em 1975 e 1976 respectivamente, “Tim Maia Racional” remonta a fase mística do cantor, quando ele se interessou a fundo pela seita Universo em Desencanto e a cultura Racional.

Preservar e resgatar a obra de artistas importantes. Na opinião do convidado Pedro Morais, essa é a importância de eventos como esse. “Se não tivesse esse resgate, se o jornal volta e meia não falasse alguma coisa, se não tivesse esse tipo de ação sócio-cultural, talvez ele estivesse esquecido”, pondera. O rapper Renegado, que também subiu aos palcos para celebrar a música de Tim Maia, teve seu primeiro contato com essa fase do cantor através dos Racionais Mcs, quando eles samplearam “Ela Partiu”, de Tim, na música “Um homem na estrada”. DJ Yuga, integrante da Black Sonora, atribui ao projeto importância fundamental para que o grupo chegasse à formação atual. “Ali foi começando a formação, em 2005 o Gustavo (vocalista) me perguntou se eu queria entrar para a banda”, lembra.

Quem foi ao Lapa viu um show que deu motivos de sobra para a galera dançar e cantar, até arriscando coreografias mais ousadas, típicas do soul e do funk (não, não o funk do Rio de Janeiro). As músicas da fase Racional de Tim Maia têm balanço, swing e pegada irresistíveis, não tem como ficar indiferente. Mérito para o grande artista que era Tim, e também para a Black Sonora, que toca e divulga essa fase ainda tão desconhecida do nosso querido síndico.



Pedro Morais bateu um papo com a Ragga. Confira!

Qual a sua relação com a Black Sonora? Você conhece a galera da banda há muito tempo?

Eu conheço o pessoal há uns três anos. Tive mais contato com o DJ Yuga, a gente sempre se encontrava em reuniões, projetos culturais. A gente sempre conversou sobre fazer alguma coisa junto, mas não conhecia o resto da banda. Eu estava no Rio em fevereiro gravando meu disco e fui a um show deles e conheci os caras. Rolou uma brodagem.


Em que se parece o seu trabalho com o da Black Sonora?

Cara, a parte rítmica, de groove. No meu violão eu sempre tive uma coisa mais mastigada, gosto muito e me identifico com a black music brasileira, principalmente, e eles fazem um som nessa linha, então curto demais, tem tudo a ver comigo. Mas não sou representante de black, de nada. Primeiro porque eu não sou preto, e segundo porque eu não faço som de preto, mas adoraria porque acho que lá dentro eu sou negro. Na próxima encarnação, se Deus quiser, eu volto negão. (Risos)

Você já conhecia o Tim Maia nessa fase Racional?


Conheci há pouco tempo. De uns dois anos pra cá, o Israel do Vale, que é brother e jornalista, me apresentou o disco Racional logo quando a Trama tinha feito a reedição do vinil para o CD. Eu chapei, achei demais. Algumas coisas eu já conhecia de ter ouvido em alguma festa, na casa de alguém. Não sou um conhecedor de Tim Maia. Estou tendo mais oportunidade por causa do Israel. Não posso dizer que sou fã de Tim Maia desde pequeno, eu tive outras influências.

Quais, por exemplo?


Caetano Veloso, Chico Buarque, Novos Baianos, Tom Zé, outras coisas que me mexiam muito mais.

Qual a importância de tributo como esse? Muita gente não sabe quem foi Tim Maia. Conte um pouco da importância de participar desse tributo.

Bicho, eu acho que se não existisse este tipo de tributo, talvez a coisa fosse perdendo um pouco o fôlego, ainda mais que o cara já morreu, aí vai ficando raro, só para quem já é fã há muito tempo. Os artistas da década de 1940 para baixo quase não são lembrados. Se não tivesse esse resgate, se o jornal volta e meia não falasse alguma coisa, se não tivesse esse tipo de ação sócio-cultural talvez ele estivesse esquecido. Tanta gente importante já fez música boa e muita gente nem sabe que existe. É importante existir tributo, é importante lembrar que determinado fulano existiu. Mais importante ainda é que isso partiu de uma galera jovem. É muito bom, tem que continuar acontecendo.

Fonte: http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_13/2009/03/23/ficha_ragga_noticia/id_sessao=13&id_noticia=9080/ficha_ragga_noticia.shtml

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